Tenho a perfeita noção de que somos "feitos" de um conjunto de "coisas", das quais nem sempre temos percepção...
As experiências que vivenciamos, as escolas pelas quais passamos, os colegas e professores que nos influenciaram, as opções que vamos fazendo ao longo da vida (consciente ou inconscientemente), a nossa personalidade, tudo contribui para moldar quem somos hoje e quem seremos...
Mas há momentos na vida em que sentimos que não seriamos a pessoa que somos, se não tivessemos algumas pessoas ao nosso lado.
Há pessoas que conseguem "ver através" de nós, que conseguem "pôr-nos para cima" quando estamos em baixo, que conseguem dar-nos o estímulo e a motivação de que necessitamos, e que conseguem, por fim, fazer sobressair o que de melhor há em nós.
Hoje apetece-me ouvir a Celine... ainda que nem sequer seja das minhas vozes preferidas, mas hoje as palavras falaram mais alto...
Há momentos em que nos apetece, simplesmente, ficar a saborear a vida...
Nos últimos dias aconteceu-me... das mais variadas formas e nos mais variados "sentires"...
desde sentir o vento no cabelo, no rosto...
sentir o aroma do mar, o balanço suave de um barco...
sentir o calor do sol a acariciar a pele...
sentir o prazer de provar novos sabores, de cheirar novos aromas...
sentir o escuro da noite que nos envolve, morna, suavemente a refrescar...
ouvir o barulho da água a bater de mansinho...
perder o olhar nas paredes de ruas desconhecidas, apreciar a arquitectura e o ambiente que gera...
para terminar num festim de arte, ao nível da saturação intelectual, de não conseguir absorver mais, de passar por peças únicas, por objectos raríssimos, e já quase não os ver...
de não saber se olhe para o chão e aprecie o trabalho fantástico, se olhe para os tectos e me perca nos recortes, nas talhas douradas, nas pinturas, se olhe para as paredes e para os painéis, se aprecie as portas... uma perfeitamente loucura para os sentidos!
depois... depois, sentir o corpo cansado a ser acariciado pela água quente de um duche, ou repousá-lo numa cama embalada pelas ondas...
sentir as saudades de alguém que está longe e que se queria ali, agora, deitado, cansado, mas a respirar e a falar, a tocar... a saudade, esse sentimento tão português... como um travo amargo-doce...
É bom sentir o prazer de estar vivo, em todos os pequenos ou grandes prazeres que a vida nos dá!